Fazenda ( para o poeta Carlos Drumond )

No remanso , manso

da cadeira de balanço

eu a vi passear

com saia de seda

sombrinha domingueira

e perfume de sinhá

No remanso, manso

da cadeira de balanço

eu vi a boiada passar

vi os escravos correndo

chamando os novilhos

que não queriam pastar

no remanso , manso

da cadeira de balanço

vi o sol raiar

com plantas crescendo 

e o moleque cantando pra gente escutar

No remanso, manso

da cadeira de balanço

eu vi o milharal brotar

a confundir com as tranças loiras

das meninas a brincar

No remanso , manso

da cadeira de balanço

eu vi a cuca pular

o saci a rir

e a caipora a gritar

No remanso, manso

da cadeira de balanço

eu vi a noite chegar

com grilos cantando

casais se retirando

e ela a me beijar................